Naturalmente não existem santos ou demônios entre os humanos: o que existe são pessoas comuns a se equilibrarem entre ações viciosas e ações virtuosas; algumas pendendo mais para um lado enquanto outras mais para o outro. Em se falando desse tema, primeiro é preciso que se diga, nesse caso os conceitos obedecem as premissas aristotélicas: de um lado os vícios são as atitudes que o próprio agente, como ignorante que é, não tem o controle e, do outro, as virtudes são atitudes em que se praticam conscientemente as ações e, por isso, se tem o controle.
Ora, mas se todos têm vícios e virtudes e alguns indivíduos pendem mais para um lado enquanto outros para outro lado, pôde-se dizer que a atitude mais maléfica, possivelmente a mais perversa das condições humanas seja o vício da hipocrisia. E isso se deve por uma justificativa forte, o agente não consegue medir a extensão e efeito das suas ações. Ou seja: o hipócrita não consegue medir o quanto pode ingerir negativamente naquele que é a vítima de tal atitude.
Mas para que se tenha uma atitude hipócrita terá que acontecer um conjunto de fatores: primeiramente as condições patológicas do agente, depois, uma estrutura psíquica de passionalidade, em seguida, a ignorância sobre o que está posto, assim como uma vontade própria do indivíduo diante do fato. E o interessante é que isso se dá de forma tal que aquele que pratica acaba por não ter noção clara de que a sua atitude tal fora hipócrita e maléfica socialmente.
A palavra hipocrisia é uma transcrição direta do vocábulo Grego ypokritís e o conceito que tem sido aceito diz que é a atitude de pretensão ou de fingimento de alguém diante de uma situação, ou um querer ser o que não é. Conta-se que os atores gregos usavam máscaras de acordo com a personagem que representavam em uma peça teatral e que, daí, teria surgido o termo designando alguém que oculta o que é real, a realidade atrás de uma máscara de aparência.
Mas o que se quer dizer com isso é que ninguém é santo ou demônio. Todos os humanos, dotados de alguma racionalidade, dirigem suas vidas e cometem os deslizes em ações benéficas e maléficas, virtuosas e viciosas. Acontece que alguns agem com uma vontade dirigida por preocupação com a ordem social, preocupação com o outro. Com erros sim, vícios, mas não hipocritamente.
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