As coisas mudam sempre. Mudam, mas as pessoas não se dão conta dessas mudanças e, por isso, não conhecem a essência dos objetos aos quais discutem. Os conceitos, as ideologias, as crenças, as instituições, em maior ou menor proporção, estão mudando a todo instante. Aliás, há uma relação muito próxima não só entre esses dois conceitos, mas também entre seus objetos: a existência e a mudança.
O estar no mundo, o existir, só ocorre a partir de um surgimento, de uma entrada e uma saída, portanto, transforma-se para surgir e, no surgimento, segue caminho para o fim em uma constância de mudanças. Dessa forma, o existir é também um mudar.
Se nos tempos passados as mulheres, na sua maioria, ficavam alheias aos trabalhos executados fora do espaço doméstico, com o advento das novas tecnologias excluíram-se as necessidades da força física e elas entraram de vez no mercado de trabalho. Hoje as mulheres mudaram e estão a executar as mais diferentes atividades outrora executadas apenas por homens.
O mesmo tem ocorrido com os pensamentos políticos e econômicos e o estabelecimento das novas noções de poder. Como resquício da Idade Média, e até bem pouco tempo, ou mesmo nos dias atuais, se pensavam (alguns ainda pensam) que as vastas extensões de terra detinham a origem da riqueza e do poder.
Resquício da Idade Média porque nesse período a nobreza era medida pela quantidade de terras que possuía, assim como a economia metalista, em que os reis eram medidos pela quantidade de pedras e metais preciosos que acumulavam em suas câmaras de tesouro. Mas, como tudo muda, as mulheres hoje executam trabalhos outrora unicamente de homens e não se pensa mais em riqueza, ou poder, a partir de acúmulo de pedras ou metais preciosos.
Da mesma forma não se pode mais legitimar a existência de um país - um território e seu povo organizado politicamente - com uma vasta extensão de terras, ou uma grande população. Se um dia isso foi necessário para legitimar imperadores como Julio César, Alexandre e Dário, isso mudou. Hoje é possível um país de somente uma cidade ter uma população satisfeita e feliz.
Esse texto, por exemplo, um dia não existiu e agora existe, em um momento não fora lido e agora foi; outros um dia existirão, poderão ser lidos e, quem sabe, um dia esquecidos. Por isso as lutas dos conservadores por não aceitarem as mudanças são em vão, pois mesmo as suas lutas mudam, assim como o objeto de suas lutas mudam também.
Nenhum comentário:
Postar um comentário