segunda-feira, 23 de abril de 2018

Burocracia e Absolutismo Corporativista

Nos tempos da modernidade, com as revoluções burguesas contra os antigos regimes, foi trazido ao mundo uma outra forma de fazer vida pública, de fazer estado. Era o fim dos estados absolutos e de suas colônias. A partir do século 18 introduziu-se na administração pública a proposta dos iluministas de reformatar o estado em três partes de poder e, a partir daí, buscaram-se na antiguidade grega o conceito de democracia e suas características: liberdades individuais, administração racionalizada e participação popular.
Se essas características não aconteceram efetivamente, ou não acontece como se esperava, mas essas são as linhas que se ofereceram ao público, ensinado nas universidades, escritos em livros e divulgado aos quatro cantos. Aquilo que se pensara diferente, que se pensara a solução final para as sociedades - teve até alguém que imaginasse "o fim da história" - começara a se mostrar com as mesmas falhas estruturais dos modelos estatais dos antigos regimes: o absolutismo, agora não mais desempenhado por um indivíduo apenas, mas por uma categoria de funcionários públicos que se fecham em corporações de ofício, transformam-se em uma aristocracia e tomam de assalto o estado.
Antes um homem, ou uma mulher, era o soberano, era o dono da vida e da morte de seus suditos, administrando a sociedade de acordo com suas noções de certo e errado, pelo menos eram essas as considerações alegadas pelos modernos ilustrados em seus combates. No entanto, o que se presencia nesses tempos recentes são burocratas, protegidos por leis elaboradas na pressão corporativa a se adonarem do estado, ou de parte dele, como propriedade particular.
É uma espécie de absolutismo porque a categoria atua como corpo único, como indivíduo que decide a partir de suas próprias vontades. Não há espaços para vontades populares e, por tanto - como qualquer absolutismo - é autoritário, já que o restante da população não tem como se defender. E fazem isso alegando defesa da democracia sem se quer pensar que há uma distância imensa entre o conceito pensado na Grécia antiga e o que os tecnocratas estão a executar.
Portanto, como tudo se transforma, vai e volta, pára e segue em frente, as bandeiras dos séculos 18 e 19, nas lutas revolucionárias burguesas contra o autoritarismo e o peso morto da nobreza faustosa, estão de volta. O que se sabe é que é preciso repensar o estado e, com isso, a estrutura burocrática e toda a irracionalidade formada, a prepotência e o custo dessas categorias as cofres públicos.

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