quarta-feira, 4 de abril de 2018

O Surgimento da Filosofia e a Teorização das Ciências

Que os humanos desde os primórdios produziram artefatos que lhe facilitaram a sobrevivência e que isso ocorrera dentro de uma evolução que se fez chegar até os dias atuais é bastante claro e aceito. Afinal, todo o processo de autoconstrução da humanidade é, em si, uma forma de racionalização, cuja inventividade é parte inseparável da luta pela sobrevivência da espécie.
O que não fica claro e provoca contrariedade entre estudiosos orientalistas e ocidentalistas é como ocorreu o surgimento do pensamento filosófico, bem como a teorização das ciências como pensamento metódico, racional, portanto despregado do entendimento mítico dos primeiros tempos. Inúmeras são as questões que surgem; por exemplo: por que a tradição determina que essa transição ocorrera primeiro entre os gregos, ponto esse referendado pelos ocidentalistas? Ou, não fora somente com os gregos, como retrucam os orientalistas? E assim, por diante.
É sabido que o início da teorização dos processos científicos ocorrera devido a algumas descobertas e invenções que provocaram nos indivíduos humanos uma capacidade maior de abstração ainda nos primeiros tempos do que se convencionou chamar de antiguidade. O surgimento da moeda, um pedaço de metal que traz implicitamente a noção de valor, ou a lei positiva - ações de poder racionalizadas em normas postas, assim como a escrita e, nela, a percepção da capacidade de simbolizar aquilo que se quer.
A transição entre um pensamento preso na concretude para a liberdade de voar pelo mundo da abstração se aceita como grega pelo despontar da civilização helênica para esse tema e sua inegável contribuição intelectual para a história. Por que a Grécia? Um dos fatores é a localização geográfica, uma península e ilhas que adentram o Mediterrâneo tendo como posição um ponto de intersecção entre as navegações do mundo antigo; outro, não tinham um livro sagrado aonde se pudesse recorrer ao se depararem com as angústias pela percepção de que tudo existe, além de outros pontos como a política ateniense e a estrutura religiosa.
Com isso não se nega a grandeza dos pensamentos originados nos diversos pontos do Planeta, nas diversas civilizações. Os livros védicos, por exemplo, trazem reflexões sobre a existência humana que são de excelência inegável, assim como não se pode negar a contribuição dos pensadores chineses como Lao-Ze e Kung-Fu-Zu, entre outros. Assim como também não se pode negar que os primeiros helênicos tiveram suas cargas de influências a partir de contatos feitos com pensadores do Oriente Próximo e até do Extremo Oriente.

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